segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

PdC-Jan-Fev-2013




Editorial
Antonio Capelesso

As raízes das árvores não precisam estar expostas para serem valorizadas, alás quanto mais profundas e robustas forem, mais darão sustentação aos galhos, folhas e frutos. Vivemos um particular momento de nossa história em que a árvore secular que é a Igreja, foi e continua sendo sacudida por fortes ventos. Diante disto nossa preocupação não deve ser a de nos liberar dos ventos, mas de fortalecer as raízes profundas de nossa fé.

O ano da fé
O Papa Bento XVI em seu Motu Próprio “porta fidei”, aparesenta as razões para se abrir e celebrar, na Igreja, um ano particularmente dedicado à fé. Com esse número de Perspectivas de Comunhão, iniciamos a
aprofundar esse tema, apresentando a primeira de uma série de catequeses do próprio Papa sobre esse tema tão fundamental para a nossa vida cristã.
A breve meditação de Chiara Lubich, fundadora dos Focolares, salienta que a fé está indissociavelmente unida à virtude da caridade, sem a qual a própria fé não produz os seus frutos em nossa vida cristã.

O que levar em nossa bagagem?
Quando devemos fazer uma viagem e só podemos levar o essencial, devemos necessariamente fazer um discernimento para verificar o que realmente é essencial. Do mesmo modo podemos afirmar que o período de férias escolares que iniciamos nos sugere a não nos sobrecarregar de muitas atividades, justamente para que possamos equilibrar nossa saúde física, psíquica e espiritual.
Apoiado na experiência de alguns mestres de espiritualidade o autor destaca aqueles pontos essenciais da vida cristã para os quais realmente não podem haver férias, por sabermos que quem não progride constantemente na vida espiritual não é que fica parado, mas regride.

A bússola também para hoje 
Passaram-se cinquenta anos da abertura do Concílio Vaticano II. No entanto, as orientações que este acontecimento produziu para a Igreja continuam ser, segundo feliz expressão de João Paulo II, a bússola que deve orientar o agir da Igreja também no momento atual.
O artigo de Brendan Leahy sobre “os presbíteros a serviço de uma nova presença da Igreja no mundo”
nos coloca em plena sintonia com as temáticas fundamentais aprofundadas por ocasião do grande evento da vida da Igreja por ocasião do século XX.

quarta-feira, 30 de maio de 2012

PdC Junho 2012


Silêncio de amor
“Quando o Amor quis na terra reinar, a sua palavra quis ao mundo anunciar, a sua celeste harmonia,ansiava entre nós ecoar. Pra realizar esse plano, o Senhor, quis encontrar um silêncio de amor. A luz nesta sombrabrilhou e a harmonia, no silêncio ecoou”.
O refrão desse maravilhoso canto à Mãe de Deus nos questiona sobre quem é esse silêncio altíssimo de amor e conclui que é Maria.

A força da Palavra de Deus
No livro do profeta Jeremias encontramos um texto impressionante sobre a ação da Palavra de Deus. “O Senhor estendeu a mão, tocou-me a boca e disse: Estou pondo minhas palavras na tua boca. Vê, hoje eu te coloco contra nações e reinos, para arrancar e para derrubar, devastar e destruir e também para construir e para plantar” (Jer 1,9-10).
Refletindo sobre a experiência de Chiara Lubich e suas primeiras companheiras, nos primórdios do Movimento dos focolares à luz do texto acima citado, eu me perguntava se o contexto da segunda guerra mundial, que elas viveram, não trabalhou seus corações fazendo-as entender, por toda aquela tragédia, que não podemos apoiar nossa vida no que é efêmero, mas somente em Deus. Trata-se deste aspecto purificador da Palavra que deve demolir, devastar em nós todo apego, riqueza e segurança humana para que, sobre essa base se realize depois, o aspecto construtivo da Palavra de Deus, a presença e a ação de Cristo em nós.
Nesta luz, porque não reconhecer em tantos momentos de provação pelos quais passamos, a ação de Deus
em nossas vidas, como expressão de seu amor? De fato, para que possamos acolher o imenso dom que é a Palavra de Deus, de modo que Cristo viva em nós, Deus deseja preparar-nos a fim de que nos capacitemos a silenciar nosso eu. É somente sobre o nosso ‘nada de amor’ que a Palavra de Deus pode ecoar também em nós.

Um particular silêncio
O Papa Bento XVI, em sua mensagem para o último Dia Mundial das Comunicações Sociais, apresenta a relação entre a Palavra e o silêncio e afirma que “o silêncio é parte integrante da comunicação de modo que, sem ele, não há palavras densas de significado”. Nesta mesma linha hoje, fala-se do silêncio do Pai ao gerar o seu Filho, a Palavra.
Chiara Lubich intuiu que a Palavra com o Silêncio é a Palavra com o Ser, isto é, a Palavra que exprime o Ser, Deus, o Pai. O prólogo do quarto Evangelho afirma que no princípio o Verbo está junto do Pai, e é Deus como o Pai é Deus. O Verbo exprime Deus, dá a Palavra ao Ser.
 
Palavras “plenas”
E as nossas palavras serão “plenas” somente quando forem esvaziadas de nós, dos nossos pensamentos e
afetos e desejos, e forem plenas de Deus. Assim nós imitaremos realmente Jesus que disse somente e sempre as palavras que ouviu do Pai (cf. Jo 8, 26).
Neste número teremos a ocasião de aprofundar a Palavra de Deus à luz do carisma da unidade, através do
tema apresentado pela atual presidente do Movimento, Maria Voce, tema da espiritualidade aprofundado durante este ano. De igual modo, uma leitura meditativa da última Exortação Apostólica de Bento XVI apresentada por Hubertus Blaumeiser.

Editorial
Antonio Capelesso

quarta-feira, 2 de maio de 2012

PdC - Maio 2012

Editorial
Antonio Capelesso

Desde a eternidade estamos na mente de Deus, no Verbo, pois “fomos criados em Cristo, em vista das boas obras que somos chamados a praticar” (cf. Ef 2,10). Neste sentido, somos chamados a repetir Cristo, Palavra do Pai, com a personalidade característica que Deus nos deu. São Paulo já apresenta essa experiência quando afirma que já não é ele quem vive, mas Cristo nele (cf. Gal 2,20). É deste modo que Deus será tudo em todos, a realização da oração sacerdotal de Jesus: “eu em ti, tu em mim, eles em
nós” (cf. Jo 17, 20).

Revestir-se da Palavra
No Movimento dos focolares fala-se de Maria como a toda revestida da Palavra. Pessoalmente, por um período não gostava muito desta afirmação que para mim soava como um revestir-se exterior, como o retirar e colocar uma roupa. Por ocasião de um recente encontro entendi que esse revestir-nos da Palavra é algo que inicia no mais profundo de nosso coração, um movimento que, pela nossa colaboração à ação de Deus, vem de dentro para fora.Deste modo, à medida em que, com a vida, vamos dando nosso sim a Deus, como fez Maria, também em nós Cristo é gerado espiritualmente, pela ação do Espírito Santo.
A Palavra plenamente revelada
Como nos diz a Escritura, Jesus, durante toda sua vida, mas particularmente na sua paixão, não se apegou ao seu ser igual a Deus, mas esvaziou-se a si mesmo. É por isso que Deus o exaltou através da ressurreição (cf. Fl 2,6-9).
Para viver a Palavra de vida também nós precisamos nos esvaziar de nós mesmos, de todo egoísmo, para nos tornar um “nada de amor” que acolhe e celebra a vida que vem de Deus. Esta é a lei do grão de trigo, que precisa morrer, na terra, para dar vida a uma nova planta. É a lei do fogo que, para proporcionar calor e luz, precisa ter algo para queimar.
A lei do amor
Toda Palavra de Deus tem um aspecto negativo e outro positivo, como são os dois polos da energia elétrica. Por exemplo, a Palavra “felizes os pobres de espírito”, é o aspecto negativo, porque supõe todo desapego de nossos bens, e de nós mesmos. Na medida em que esse aspecto negativo, for vivido o aspecto positivo da promessa de Deus também se realiza: “porque deles é o Reino dos céus” (cf. Mt 5,3).
Chiara Lubich e suas primeiras companheiras, depois de um período de empenho por acolher e encarnar a Palavra de vida, descobriram que os efeitos dessa vivência eram praticamente os mesmos, não importando a frase completa da Escritura vivida naquele período. A partir disso, entenderam que todas as Palavras da Escritura estão permeadas por essa lei da vida que é o amor verdadeiro, o qual supõe um aspecto de morte e outro de vida e ressurreição.
Nova evangelização
Dando início a um novo mês, temos a ocasião de acolher uma nova Palavra de vida e de empenhar-nos para vivê-la, queimando, assim, nosso “homem velho”, para que a Palavra resplandeça em nós. Deste modo estaremos dando prosseguimento a esse empenho de evangelizar-nos a nós mesmos, condição para podermos nos colocar a serviço da nova evangelização.
Neste número de PdC temos a alegria de apresentar os dez princípios da nova evangelização, tema apresentado por Chiara aos bispos amigos do Movimento em 2002, bem como uma breve reflexão sobre o Movimento Paroquial e o artigo de Graziella de Luca, que nos fala do amor como alma da nova evangelização.

terça-feira, 3 de abril de 2012

PdC Abril de 2012



Editorial

Antonio Capelesso

Alguns autores, como Giuseppe Zanghí, referindo-se à mudança de época que estamos vivendo, falam de
um grande momento de passagem, na história da humanidade.

Período mítico
Segundo esse autor, o primeiro grande período teve início com a origem da humanidade e se estendeu até
sete séculos antes da vinda de Cristo. Este é designado como o período mítico.
A humanidade fazia uma experiência semelhante à da criança que, enquanto se encontra no seio materno,
ainda não tem consciência de sua distinção pessoal e vive em profunda unidade com a mãe. Nesse período do mito a humanidade era nômade e vivia uma comunhão profunda com o cosmo.

Afirmação do indivíduo
Depois disso acontece como que um salto na vida da humanidade. Na Grécia surge o desenvolvimento da
filosofia, na Palestina aparecem os grandes profetas como Isaías, Jeremias, que representam um grande avanço.
Na Mesopotâmia temos Zoroastro, na Índia as Upanishad as grandes reflexões téo-filosóficas, temos a figura de Buda. Na China temos Confúcio, Lao Tze e outros. A história humana dá início a um novo momento comparável ao do nascimento da criança, quando ela vai tomar consciência de si, distinguindo-se claramente da mãe.
A humanidade se descobre como eu-sujeito, como indivíduo, e busca, neste período, recuperar a unidade com o cosmo, como a criança com a mãe.
Essa cultura que teve início setecentos anos antes de Cristo agora está morrendo. O ser indivíduo levado
ao radicalismo não responde mais à realidade de hoje.

A unidade
Hoje está emergindo um novo período cultural que busca a integração com as pessoas. Como sabemos,
Deus doa um carisma para responder às necessidades do momento presente. Na experiência de Chiara e Igino Giordani que conhecemos como “paraíso de 49” emerge uma experiência comunitária, fruto da vivência da Palavra de vida, sobretudo da Palavra totalmente revelada que é Jesus abandonado, a experiência de viver no seio do Pai.
Agora, com a maturidade do homem que adquiriu consciência de si mesmo, no segundo grande período
de nossa história, é como se a criança retornasse ao seio da mãe, ou seja, tendo consciência de nossa individualidade somos chamados a viver no seio do Pai, na plena comunhão.
Como aprofundaremos abaixo, no artigo de Giuseppe Maria Zanghí, Anotações para uma teologia de Jesus
Crucificado e Abandonado, “no Ser se entrevê um não, um nada, sem o qual, no Ser, seria impensável e impossível aquela relacionabilidade que Jesus revela. É o próprio evento do abandono que abre para essa compreensão. No Ser abre-se uma fresta, uma chaga, na qual o Ser revela o seu mistério profundo, e nós temos acesso a ele. Podemos
penetrar no Ser! Para superar a aparente contradição é necessária a abertura a uma lógica que nasça ela própria do Ser chagado! De fato, esse não-Ser que abre o acesso à interioridade do Ser é ainda e sempre Ser; se fosse não-ente, não poderia abrir nenhuma passagem. Esse não-Ser é, sim, Nada, mas um Nada que é! O Amor”.
Aproveitemos este mês em que celebramos a Páscoa de Cristo para aprofundar o mistério de Jesus crucificado e abandonado, raiz da cultura da unidade. Depois do período do logos, da filosofia, da palavra, estamos entrando em outra época, a da unidade. O mundo espera o surgimento da cultura da unidade.

domingo, 11 de março de 2012

PdC Março 2012



No mês de fevereiro procuramos acolher o apelo à conversão e a adesão confiante ao Evangelho
(cf. Mc 1,15). Na quarta-feira de cinzas, ao iniciarmos o tempo litúrgico da Quaresma, ouvimos
esse mesmo apelo: “convertei-vos e crede no Evangelho”. Não podíamos iniciar melhor
esse ano em que aprofundaremos o terceiro ponto da espiritualidade da unidade: a Palavra de Vida. Neste mês de março, somos novamente convidados a apostarmos na Palavra de Deus: “A quem iremos, Senhor? Tu tens palavras de vida eterna” (Jo 6,68).

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

PdC-Jan/Fev 2012

Editorial
Antonio Capelesso

Todos nós temos consciência dos grandes desafios que a Igreja enfrenta no momento atual. O documento de trabalho em preparação ao próximo Sínodo dos Bispos sobre a nova evangelização
trata desses desafios, apresentando os novos cenários que estamos vivendo.

Um caminho para os novos tempos
Em sintonia com a caminhada da Igreja, realizou-se de 03 a 07 de janeiro deste ano, em Vargem Grande Paulista – SP, o IV Congresso Nacional de Seminaristas que contou com 200 participantes. Além de procurar entender os desafios dos novos tempos com objetividade o Congresso apresentou o caminho salientado por Deus pelo carisma da unidade dado à Igreja de nosso tempo.

Desafios à formação presbiteral
Muito apreciada foi a temática apresentada por Dom Francisco Biasin, bispo de Barra do Piraí/Volta Redonda – RJ, que partindo de sua experiência pastoral e tendo por referência, especialmente, o documento de Aparecida e as novas Diretrizes para a formação presbiteral no Brasil acentuou a figura do bom samaritano como modelo do sacerdote do futuro, alguém que sabe colocar-se a serviço dos irmãos, vivendo como autêntico discípulo e missionário de Jesus Cristo.

A comunhão é o caminho
Pe. Alexander Duno, do Centro do Movimento Gens, vindo de Roma, encantou a todos os seminaristas presentes a esse IV Congresso Nacional, apresentando sua experiência pessoal e revelando seus dons de comunicação tocando e cantando suas novas composições musicais, fruto de sua experiência de comunhão com Deus e com os irmãos.

Num dos temas que apresentou, e que transcrevemos neste número de Perspectivas de Comunhão, Pe. Alexander ressaltou que esse caminho para os novos tempos é a comunhão, em plena sintonia com os documentos do Concílio Vaticano II.

Para viver a comunhão é preciso partir de Cristo, sendo verdadeiros missionários e sabermos discernir o que Deus nos pede, priorizando a vivência do amor recíproco que revela a presença de Jesus na comunidade.

Impressões do IV Congresso
Concluindo esse número de Perspectivas de Comunhão partilhamos alguns frutos do IV Congresso Nacional de Seminaristas apresentando algumas impressões dos participantes. Desejamos a todos que esse ano seja de especiais graças pela vivência da Palavra de Deus, tema que teremos ocasião de aprofundar em outros números de Perspectivas de Comunhão.


segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

PdC - Dezembro de 2011




Editorial

Antonio Capelesso

Como já tivemos ocasião de refletir em números anteriores, a Igreja está fortemente convencida da necessidade de uma nova evangelização. A recente criação do Pontifício Conselho para a promoção da nova evangelização e a convocação do próximo Sínodo dos Bispos para aprofundar “a nova evangelização para a transmissão da fé cristã” o atestam claramente.

Ousar novos caminhos
Os Lineamenta para o próximo Sínodo sublinham a «coragem de ousar novos caminhos, diante das novas condições em que vivemos» (n. 5), além da necessidade de um «estilo ousado» e de «saber ler e interpretar os novos cenários que se criaram dentro da história humana, nessas últimas décadas, para entrar neles e transformá-los em lugares de testemunho e anúncio do Evangelho» (n. 6), e a necessidade de mostrar que «a perspectiva cristã ilumina de modo inédito os grandes problemas da história» (n. 7).

O Documento de Aparecida afirma que «a Igreja cresce não por proselitismo, mas por atração» (DAp, n. 159). Diante disto nos perguntamos qual a razão de muitas comunidades cristãs hoje não estarem exercendo essa atração. Na verdade, percebemos que uma porção sempre maior de pessoas não consegue mais crer em certas imagens de Deus que apresentamos e manifesta seu desagrado para com a Igreja. Diante disto, precisamos nos questionar sobre o que há em nós mesmos que não os atrai.

Atrair para Cristo
O mesmo Documento de Aparecida nos ilumina afirmando que «a Igreja “atrai” quando vive em comunhão, uma vez que os discípulos de Jesus serão reconhecidos se se amarem reciprocamente como Ele nos amou (cf. Rm 12,4-13; Jo 13,34».
Em plena sintonia com a eclesiologia de comunhão do Concílio Vaticano II, hoje se acentua mais o mandato missionário contido no Evangelho de João, no qual Jesus nos assegurou que nos reconhecerão como seus discípulos, se nos amarmos reciprocamente (cf. Jo 13,35). Além disto, Jesus pediu ao Pai de fazer-nos partícipes da mesma comunhão que constitui a vida de Deus «a fim de que o mundo creia» (Jo 17, 21.23).

O Verbo, Maria e o Espírito
Na plenitude dos tempos o Verbo de Deus se fez carne, pelo sim de Maria e pela ação do Espírito Santo. Neste novo ano teremos ocasião de aprofundar a importância da Palavra de Deus em nossa vida, a partir da experiência de Chiara Lubich e suas primeiras companheiras. Deveremos também aprofundar que fomos criados em Cristo e que somente nos “perdendo” nele, por amor, realizaremos plenamente o desígnio de Deus sobre nós.
O artigo de Giuseppe Petrocchi, apresentado neste número, nos fará entender que também hoje o Verbo deve fazer-se “carne” e que para isso Ele necessita do sim de Maria, prolongado pela Igreja e da ação do Espírito Santo.