No dia 29 de maio de 1991 Chiara Lubich, fundadora do Movimento dos focolares lançava, na atual Mariápolis Ginetta, nas proximidades de São Paulo, o Projeto de Economia de Comunhão, na liberdade (EdC). As raízes deste Projeto vem de longe. Chiara é de Trento, cidade da cooperação social. Seu pai era socialista, a mãe católica e seu irmão, comunista. Desde criança respirou a solidariedade e a atenção aos esquecidos e marginalizados. No contexto da segunda guerra mundial descobriu o imenso amor de Deus para com ela e para com todos; assim foi natural para ela acolher o convite do Evangelho para responder ao chamado de Deus, fazendo a Sua vontade em relação aos próximos com os quais Jesus se havia identificado.
O amor aos irmãos levou Chiara e suas primeiras companheiras ao encontro dos pobres e doentes, enfim dos mais necessitados de ajuda. A vivência do Evangelho na sua radicalidade deu início e desenvolvimento ao Movimento dos focolares.
As Mariápolis permanentes
No ano de 1961, na Suíça, contemplando a cidade beneditina de Einsiedeln, Chiara sentiu que também seu movimento deveria ter lugares nos quais o carisma teria de ser testemunhado diariamente; verdadeiras pequenas cidadelas, com igreja, escola, mas também casas de famílias e fábricas com chaminés. Quando em 1989, com a queda do muro de Berlin, foi dissolvida a lógica de Blocos, o mundo estava eufórico.
No ano seguinte, Chiara visitando New York, percebendo como o consumismo havia “incorporado” séculos de revoluções e conflitos, ofereceu-se com seus companheiros a pagar com as próprias dores e até com a vida, as “prestações” para que pudessem cair também os muros que ainda impedem a glória de Deus no mundo ocidental.
O lancamento da EdC no Brasil
Ao vir ao Brasil, em 1991, Chiara tinha lido a Centesimus Annus, na qual o Papa preconizava uma economia social capaz de orientar a sociedade de mercado ao bem comum. Mas Chiara chegou ao Brasil, sobretudo com a certeza de poder contar com uma oração potente: assim, frente aos intoleráveis desequilíbrios sociais representados por arranha-céus e favelas de São Paulo, sentiu-se impelida a lançar entre nós a Economia de Comunhão na liberdade que, gerada por homens hovos, distribui os lucros em três partes: uma para manter a empresa, outra para formar homens novos e a terceira destinada aos pobres.
Foi por isso que, o convite de se juntarem para criar novas empresas colocando a pessoa no centro e o capital como função de suporte, não ficou no papel.
Vinte anos de EdC
De 25 a 28 de maio, por ocasião do 20 aniversário do lançamento do Projeto da EdC, realizou-se na Mariápolis Ginetta, em Vargem Grande Paulista - SP, uma Assembléia da EdC que contou com a participação de seicentas e cinquenta pessoas provenientes de mais de trinta países diferentes. No dia 29/05 uma Jornada realizada no Memorial da América Latina, em São Paulo marcou o dia exato do lançamento deste Projeto inovador.
Neste momento de celebração muitos foram os estudiosos que apresentaram vários temas relativos à EdC, bem com muitos epresários que relataram suas experiências. A socióloga brasileira, Vera Araújo, ao apresentar seu contributo nessa Assembléia, destacou a necessidade de uma visão antropológica realmente digna da pessoa humana como base para uma economia que coloca a pessoa como centro, no lugar do capital.
Entre tantas experiências que estão dando nova dignidade ao trabalhador desejo destacar a “Dalla Strada”, que emprega adolescentes literalmente provindos da rua, bem como a matéria prima para a confecção de bolsas com lonas de caminhão que já não mais servem para seu objetivo primário.
Padre Antonio Capelesso - Editorial PdC Junho de 2011.