segunda-feira, 2 de maio de 2011

PdC - Maio 2011

Editorial

Antonio Capelesso

Todos nós podemos encontrar dificuldades ao interpretar algumas passagens da Sagrada Escritura. Os primeiros 11 capítulos do livro do Gênesis são um destes dextos especiais, por se tratar de um gênero literário muito particular. Nestes dias li uma explicação a respeito da proibição dada a Adão e Eva de comerem dos frutos da árvore do conhecimento do bem e do mal (cf. Gn 2,17). Segundo o autor desse texto, trata-se de um modo de dizer que o homem e a mulher sendo criaturas feitas à imagem e semelhança de Deus, são limitadas, de modo que não podem por si mesmas estabelecer os próprios critérios morais, mas acolher os que lhes são dados por Deus.
Deus, ao chamar à vida disse seu sim a cada homem e mulher. A este deve corresponder o sim humano, para que a lei do amor impregne positivamente as relações com Deus e com os irmãos. Mas a humanidade, desde o seu início, não correspondeu a esse sim de modo positivo. O pecado consiste exatamente em tentar se subtrair à lei do amor.
O sim do homem a Deus
Em Abraão o diálogo de Deus com a humanidade encontra plena adesão de modo que nele todos os povos são abençoados. Maria é a cheia de graça porque nela Deus encontrou plena adesão à sua vontade (cf. Lc 1,26). Após o diálogo com a samaritana Jesus afirma aos seus discípulos que lhe trazem comida, que o seu alimento é fazer a vontade do Pai (cf. Jo 4,34). No horto das oliveiras, durante a sua agonia, Jesus chegou a pedir ao Pai que afastasse dele aquele cálice de sofrimento que o esperava, mas conclui abandonando-se plenamente à vontade de Deus (cf. Lc 14,36). Jesus, antes de entregar o seu espírito, repete o mesmo sim confiante, mesmo depois de sentir-se abandonado por Deus (cf. Lc 23,46).
Ao alcance de todos
Chiara Lubich, fundadora do movimento dos Focolares, logo no início de seu novo caminho espiritual, entendeu que uma coisa são os estados de perfeição e outra coisa o chamado à perfeição que é para todos os cristãos.
No passado, as pessoas que se sentiam chamadas a um caminho de santidade normalmente afastavam-se do mundo e recolhiam-se em mosteiros e conventos para viver seu caminho de perfeição. A partir do Concílio Vaticano II, a Igreja vive um novo tempo em que se tem manifestado mais claramente o chamado de todos os fiéis à santidade. O irmão não é mais visto como um impecilho para se chegar a Deus, mas, justamente, como caminho para Ele. Deste modo, repsondendo positivamente ao amor de Deus, através do cumprimento fiel de sua vontade, toda pessoa pode se santificar, não importa o ambiente em que ela vive. Desde que essa pessoa, no contexto em que vive fizer a vontade de Deus que consiste principalmente no amor ao irmão, ali ela encontra o seu caminho de santidade.
Neste ano estamos aprofundando o segundo ponto da espiritualidade da unidade, que é a prática da vontade de Deus. Deste modo, com esse número de Perspectivas de Comunhão, damos continuidade a esse tema apresentando um breve escrito de padre Silvano Cola, bem como o testemunho sobre a vida de Dom Klaus Hemmerle, um bispo segundo a vontade de Deus, além da experiência da aceitação da vontade de Deus na doença e um importante tema do teólogo italiano Piero Coda sobre a Eleição ou Graça.

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